SAMA - 
Rumi 
 O Poeta Embriagado de Deus 
 Viemos girando
do nada,
espalhando estrelas como pó. 
As estrelas puseram-se em círculo
e nós no centro dançamos com elas.
 Como a pedra do moinho,
em torno de Deus
gira a roda do céu. 
Segura um raio dessa roda
e terás a mão decepada. 
Girando e girando
essa roda dissolve
todo e qualquer apego. 
Não estivesse apaixonada,
ela mesma gritaria - basta!
 Até quando há de seguir esse giro? 
Cada átomo gira desnorteado,
mendigos circulam entre as mesas,
cães rondam um pedaço de carne,
o amante gira em torno
do seu próprio coração. 
Envergonhado ante tanta beleza
giro ao redor da minha vergonha.
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Ouve a música do samá.
Vem unir-te ao som dos tambores! 
Aqui celebramos:
somos todos Al-Hallaj dizendo: “Eu sou a Verdade!” 
Em êxtase estamos. 
Embriagados sim, mas de um vinho
que não se colhe na videira; 
O que quer que pensem de nós
em nada parecerá com o que somos.
 Giramos e giramos em êxtase.
 Esta é a noite do sama
Há luz agora.
- Luz ! Luz!
 Eis o amor verdadeiro
que diz a mente: adeus. 
Este é o dia do adeus.
- Adeus ! Adeus ! 
Todo coração que arde
nesta noite
é amigo da música. 
Ardendo por teus lábios
meu coração
transborda de minha boca. 
Silêncio! 
És feito de pensamento, afeto e paixão. 
O que resta é nada
além de carne e ossos.
 Por que nos falam
de templos de oração,
de atos piedosos? 
Somos o caçador e a caça, Outono e primavera,
Noite e dia,
O Visível e o Invisível. 
Somos o tesouro do espírito. 
Somos a alma do mundo,
livres do peso que vergasta o corpo. 
Prisioneiros não somos
do tempo nem do espaço
nem mesmo da terra que pisamos. 
No amor fomos gerados. 
No amor nascemos